POR QUE AMAMOS SEM AMOR?
Sobre
a Coleção
Há
algum tempo tivemos a ideia de realizarmos uma criteriosa análise em relação a
obras que chegavam às nossas mãos pleiteando publicação e, assim, escolhendo as
melhores, publicá-las, autor por autor, algumas em edição bilíngue, numa
coleção chamada “FILÓSOFOS DO NOSSO TEMPO”. E hoje ela finalmente está aí,
trazendo o melhor dos filósofos contemporâneos para vocês.
A
cada nova publicação ou edição, temos descoberto excelentes pensadores.
Filósofos que possuem não somente excelente formação, mas também a capacidade
de, com as suas ideias, nos fazerem pensar de maneira crítica, dando-nos a
possibilidade de compreendemos e resolvermos de maneira mais eficiente e eficaz
os problemas do nosso tempo.
Se
você acredita ser também um “filósofo do nosso tempo”, envie-nos seus textos
para análise.
Os
editores
INTRODUÇÃO
I
Em uma de suas principais obras, chamada “Discurso sobre o
método”, considerada marco inicial da filosofia moderna, publicada em 1637, num
pequeno capítulo intitulado “Geometria” (Geometria analítica), Descartes[1]
(1596-1950) defendeu o método matemático como sendo uma espécie de “ciência”
para a busca do conhecimento em todo e qualquer campo do saber. Para a
sociedade com resquícios feudalistas em que nasceu, onde havia um grande poder
da igreja e inexistia (a não ser a Aristotélico-Tomista) uma tradição relativa
à produção do conhecimento, o pensamento de Descartes foi considerado revolucionário.
Ele foi (e ainda hoje tem sido), por muitos, principalmente por idealistas, defensores
do “dogmatismo gnosiológico”, chamado de pai do racionalismo e dito o primeiro
grande “filósofo moderno”.
II
O livro (a5, 130 páginas), de forma epistemologicamente
fundamentada, consiste em esboçar uma visão crítica ao pensamento de Descartes
e, na mesma via, mostrar que a sua filosofia, ao buscar matematizar não somente
a natureza e a sociedade, mas também a vida, etc. (a fim de prever para
prover), instituiu, enquanto princípio social e/ou conteúdo ético-pedagógico,
principalmente das instituições ditas educativas, a primazia da ideia sobre a
matéria e/ou da razão sobre os sentimentos, fazendo do homem um ser desalmado,
uma espécie de corpo-máquina, um ser especialista na arte racional da
dissimulação, um ser dado à automação (pelo uso metódico da razão), uma
aberração, isto é, um ser, entre muitas outras coisas, capaz de:
1- Amar
sem amor;
2- Fazer
sexo sem vontade;
3- Fazer
sexo sem amor e, até mesmo, sozinho;
4- Viver
só para trabalhar (e não trabalhar para viver);
5- Trabalhar
só pelo dinheiro;
6- Se
alimentar sem estar com fome;
7- Confundir
necessidade com vontade;
8- Não
falar o que é verdadeiro, mas somente o que faz sentido e/ou que é lógico,
visando sempre alcançar algum benefício;
9- Colocar
a produtividade no lugar da atividade;
10-
Usar as suas emoções, a serviço da razão,
para dissimular, ludibriar e alcançar seus objetivos;
11-
Ser conscientemente um desalmado (tendo
isso como um valor).
[1]
Filósofo Francês.
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